Assumido falhanço na "engenharia financeira" do Polis

O presidente da Câmara de Viana do Castelo assumiu esta semana, de forma clara, o fracasso da "engenharia financeira" montada em 2000 para suportar os investimentos de reabilitação urbana previstos pela VianaPolis.
Publicado a
Atualizado a

"Vieram a confirmar-se [as expectativas] de pouca exequibilidade. Se calhar os objectivos estavam acima do que era a realidade do mercado", admitiu José Maria Costa, recordando que o Polis de Viana do Castelo "foi pensado com uma lógica quase exclusiva de promoção de imobiliário para resolver a totalidade das despesas".

Hoje, a VianaPolis tem uma dívida à banca de 19 milhões de euros e activos avaliados em 15 milhões mas que não consegue vender. "Temos que procurar um enquadramento para ajustar a esta realidade, senão somos confrontados com um situação de insolvência da VianaPolis", disse ainda. Face à situação actual. a Câmara de Viana do Castelo sugeriu ao ministério do Ambiente a criação de um fundo de investimento avalizado pelo Estado para rentabilizar os activos da VianaPolis, nomeadamente os terrenos do Parque da Cidade.

"Propus ao accionista Estado mudar o paradigma da gestão e os objectivos da sociedade face à colocação destes activos no mercado", afirmou José Maria Costa, defendendo a constituição de um fundo de investimento público de médio ou longo prazo que permita à VianaPolis encaixar a verba prevista sem desvalorizar ainda mais os terrenos, que poderá ser rentabilizado "logo que o imobiliário volte a estar em alta". A VianaPolis é uma sociedade detida pelos ministérios do Ambiente e das Finanças (60%) e pela Câmara de Viana do Castelo (40%), mantendo-se em actividade com o objectivo único de promover a demolição do "Prédio Coutinho". Aquela sociedade realizou em Novembro uma hasta pública para tentar vender, por cerca de 10 milhões de euros, 26 lotes de terrenos do parque da cidade, junto ao rio Lima.

Há cinco anos, os mesmos terrenos tinham sido colocados à venda por 21,6 milhões de euros, mas não contaram com qualquer interessado no negócio, à semelhança do que aconteceu agora. "Houve uma época mais favorável para concretizar esse objectivo e isso não foi feito", diz o autarca. Os accionistas estão a preparar uma proposta para renegociação da dívida da VianaPolis, que deverá ser apresentada à entidade bancária até final de Janeiro, e José Maria Costa vê na constituição de um fundo de investimento com estes terrenos uma solução possível. "Se se estão a fazer as coisas e não há clientes, temos que mudar de estratégia", concluiu.

Em dois empréstimos distintos, ao mesmo banco, a VianaPolis tem dívidas no valor de 12 e 7 milhões de euros, enquanto do lado dos activos, além dos 10 milhões dos terrenos do parque da cidade, conta ainda com apartamentos e garagens, construídos inicialmente para realojar moradores do Prédio Coutinho, avaliados em 5 milhões de euros.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt